Antropocentrismo = Direitos X Biocentrismo = Deveres

Direitos e Deveres, a eterna dualidade ética dos seres humanos. Em linhas gerais, todo direito corresponde a um dever. O termo sujeito de direitos é a panaceia universal humana, onde o "desejar" é infinito, sem se saber muito bem quem arcará com os ônus daí relativos. Nessas horas, desaparecem os merecedores, um vazio de responsáveis é indicado e, ou a culpa vai para o Estado, ou então é transformada em externalidades, onde ninguém tem que arcar com nada.
Quando tratamos de uma ética Biocêntrica, contrária ao Antropocentrismo clássico, temos um confronto ético direto, pois a lógica é invertida. No primeiro caso, só existem deveres, enquanto no segundo, respectivamente, só direitos.

O Antropocentrismo nos trouxe até aqui. É ele o responsável por todo o avanço tecnológico que permitiu à espécie vencedora da corrida evolutiva, a conquista de todo o Planeta. Defendendo a legitimidade dos direitos dos humanos sobre todo o restante da fauna e flora, o Antropocentrismo permitiu a todos nós chegarmos até aqui, mediante a apropriação de quaisquer recursos necessários para tanto.

Agora o desafio parece estar na mudança desse postulado, antes que ele leve a todos nós para a destruição. Não se trata aqui da destruição da Biosfera, mas sim, do próprio futuro da atual sociedade humana global. Surge então o momento de assumirmos os deveres de nossas pegadas ambientais.

Essa conscientização já se iniciou e caminha para estruturar no Inconsciente Coletivo humano limitações ao Antropocentrismo. Aos poucos, sua égide hegemônica vai sendo desconstituída e colocada em questionamento. Pequenas peças de cognição, como essa, são o exemplo maior de como tal mudança de consciência está irradiando-se nas mentalidades e ganhando força no discurso público.

A boa notícia é que se voltar ao Biocentrismo e abandonar o Antropocentrismo clássico não necessita de um rompimento radical. Isso pode ser feito aos poucos, passo a passo. Bastar ir-se abandonando as posturas enrijecidas e modificando suas condutas, mitigando, minimizando, eliminando condutas inadequadas por outras mais condizentes com a redução das nossas pegadas existenciais. 

Isso quer dizer que, a assunção dos deveres não deverá ser considerada um farto existencial, na medida em que isso seja feito com o prazer de quem adquiriu consciência ética desse novo patamar de conviviabilidade sadia perante o ambiente.