Antropocentrismo e Biocentrismo Sustentável

Em termos de sustentabilidade, há que se diferenciar o Antropocentrismo Sustentável do Biocentrismo Sustentável. São duas concepções diferenciadas, uma vez que etmologicamente suas concepções refletem visões de mundo divergentes, mas que, por meio da sustentabilidade, podem atingir um ponto de contato.

O ponto de contato está no fato de que a capacidade de suporte do planeta está sendo ultrapassada ano após ano, pois o nível de superpopulação humana atual e o atendimento de suas necessidades de realização existencial estão além dos limites possíveis, para a manutenção do equilíbrio climático geral.

Com isso, há duas opções em curso. Uma delas é continuar à deriva da sorte, consumindo os recursos naturais e provocando alterações climáticas enquanto possível for e à espera dos câmbios climáticos que já começaram a surgir. Essa saída pela omissão é diária e colocada em prática por todos, indivíduos, empresas e Estados.

O outro caminho, ativo, requer a alteração do modo de produção e de consumo, assim como o modo de vida individual no planeta. Tal mudança é custosa e implica em conflitos, muitas vezes não queridos e que podem demandar uma nova realidade social e econômica global.

O nível de tais mudanças é que divergem, ao se pensar em um Antropocentrismo Sustentável ou em um Biocentrismo Sustentável. 

No caso do Antropocentrismo Sustentável, o caminho é o da mitigação dos impactos ambientais gerados durante os atos de realização existencial humana, incluindo principalmente as atividades das empresas e dos Estados. Mitigar significa reduzir impactos ou gerar alternativas para que a humanidade possa continuar a viver seu curso no atual modelo social e econômico. 

A crítica a essa concepção é que se trataria apenas de uma forma paliativa de enfrentar o problema da insustentabilidade do modo de vida humano atual, incapaz de reverter os abusos sobre a capacidade de suporte do planeta.

Não obstante, essa é a saída existente, a menos que se queira o rompimento dos modelos de vida, produção e consumo, coisa impossível de ser implementada, sem gerar revoltas, conflitos e guerras.

Tal mudança profunda demandaria a opção pelo Biocentrismo Sustentável, com alterações substanciai no modo de vida atual, contemplando propostas de limitação efetiva do crescimento e do uso de recursos naturais, assim como controle da natalidade e profunda alteração no modelo econômico da sociedade de consumo. 

Pelo turno individual, no Biocentrismo, o ser humano deixa de ser o centro para o qual toda natureza existe para servir, e passa a desempenhar um papel secundário no planeta, enquanto somente mais uma das espécies de vida aqui existentes, a qual não teria direitos sobre as demais seres vivos e que, por se manter hegemônica no uso de recursos naturais, seria devedora a cumprir limites e reparações obrigatórias.

A teoria do "minimalismo existencial" contempla o biocentrismo, na medida em que propõe a vida com o mínimo de coisas e apropriação, focando a existência humana na realização da bens culturais, intelectuais e artísticos para que, com isso, ocorra naturalmente uma redução do impacto humano sobre o planeta.

Interessantemente, o Caos, em si, resultante da omissão em face da crise ambiental, geraria as condições ideias ao surgimento do Biocentrismo Sustentável, pelo aparecimento de doenças graves, guerras por recursos naturais, fome e seca, as quais reduziriam naturalmente a população mundial a níveis suportáveis novamente.

Assim, no meio do caminho, o Antropocentrismo Sustentável, seria o mínimo aceitável em termos de condutas responsáveis para com o planeta, a serem adotadas imediatamente por indivíduos, empresas e os Estados, a se evitar um Caos futuro, caso se opte pela defesa do meio de vida humano atual.