Análise da Liberação de Caça de Javalis no Brasil

Conforme reportagem publicada na Folha de São Paulo (clique aqui para ler), os javalis selvagens são a única espécie cuja caça esportiva amadora é autorizada pelo IBAMA no Brasil. Para ser caçador esportivo de javalis, há que se fazer um registro no IBAMA e no Ministério do Exército (em caso de uso de armamento esportivo de alto calibre). 

Pois bem, a primeira coisa que se coloca é a situação do abate esportivo desses animais, pois a comercialização da carne é proibida pelo IBAMA. Do ponto de vista biocêntrico, isso seria totalmente antiético, pois nenhuma forma de vida poderia está sobre o julgo da sevícias esportivas humanas.

Não obstante, ao se aprofundar a questão, o animal é considerado uma praga e não pertence à fauna silvestre local, tendo sido adicionado por criadores no passado e, na falta de predadores naturais da espécie, aliada a alimentos abundantes, gerou as condições naturais ideais à formação de uma superpopulação de javalis.

Com a superpopulação vieram os danos à agricultura, com a destruição de plantações e também de árvores, vítimas do consumo alimentar de javalis adultos, que chegam a pesar 90 kg. Não escapam à sua dieta raízes, batatas e os ninhos que certas aves fazem no chão. Por último, também sofrem os cursos de água e as áreas verdes de nascentes, onde os javalis permanecem durante o dia, escondidos a chafurdar.

Nesse ponto, há uma colisão de valores ambientais a serem equalizados. Logo, em face da complexidade, uma perspectiva biocêntrica sobre a vida não pode ser levada ao extremo, ainda mais quando essa decisão possa interferir não só nas realizações humanas, mas também no equilíbrio ecológico de outras espécies nativas, ameaçadas pela introdução artificial dos javalis no ambiente.

Por esse motivo que sua caça esportiva amadora foi permitida pelo IBAMA (Lei 5.197/1967).

Do ponto de vista da analogia com a insustentabilidade humana atual: há uma lei da biologia que diz, sempre que uma superpopulação de uma determinada espécie está a sobrecarregar o meio, a tendência é para a sua destruição ou contenção no tempo. #parapensar