A Sustentabilidade do Sistema Previdenciário em Xeque

O Sistema Previdenciário Brasileiro é focado na ideia de repartição. Ou seja, depende de uma gama maior de contribuintes na ativa, cujo recolhimento mensal de contribuições à previdência seja capaz de manter os salários de uma gama menor de aposentados beneficiários.


Esse sistema somente é sustentável em países nos quais há uma propensão ao chamado bônus populacional, ou seja, o número de pessoas na ativa cresce, ampliando o recolhimento de contribuições ao sistema, enquanto o número de aposentados mantem-se proporcionalmente limitado no tempo.

No Brasil, esse modelo rompeu seu equilíbrio mesmo antes do fim do bônus populacional brasileiro, estimado para ocorrer até 2030. Isso ocorreu em grande parte pelo baixo tempo de contribuição e pelos altos valores pagos a uma pequena parcela dos aposentados, que eram funcionários públicos durante a ativa. Tais funcionários públicos foram agraciados com vantagens únicas, como a manutenção isonômica da paridade com os salários da ativa, além da possibilidade de se aposentarem muito jovens, pois no Brasil não há uma idade mínima para se aposentar.

Isso também reflete uma grande iniquidade do sistema, uma vez que, grande parte dos aposentados (67%) recebe somente um salário mínimo. Esses, não sobrecarregam o sistema como os demais. 

Com isso, há um déficit crescente, um rombo do sistema da previdência brasileiro, já que os recolhimentos das contribuições feitos pelos trabalhadores da ativa, não é suficiente para pagar os atuais aposentados. Esse rombo insustentável é coberto com a cobrança de altos impostos da população geral, gerando um novo e injusto modelo de repartição, de benesses a sobrecarregar a todos em prol de uns poucos. Em 2015, esse rombo coberto por impostos está na casa de 50 bilhões de Reais.

Para o futuro, a insustentabilidade do sistema tende a aumentar com o fim do bônus demográfico, quando então, o número de idosos no Brasil tende a aumentar, em face do número de trabalhadores da ativa, até se chegar a uma relação de dois para um. Ou seja, como dois trabalhadores da ativa poderão contribuir para manter o salário de um aposentado?

Desse modo, o Sistema Previdenciário Brasileiro é insustentável e as reformas atualmente em curso são apenas medidas paliativas que não resolvem o problema, mas vão adiando e acumulando problemas ao futuro.

A saída sustentável ao futuro requer, primeiro, que os jovens brasileiros modifiquem sua maneira de pensar, já que no Brasil culturalmente vive-se o presente e não se programa o futuro. O essencial é iniciar desde cedo a adesão ao Sistema Previdenciário por Capitalização, ou seja, aquele em que o próprio indivíduo faz seus recolhimentos ao futuro, capitalizando-se com o tempo, entre juros sobre juros, ações, com a utilização de dividendos para compra de novas ações.

Com o tempo, esse será o único caminho viável à manutenção de um padrão de vida ampliado no futuro, restando ao Sistema Previdenciário Público, o pagamento do básico a todos. Ou seja, prepare-se para receber somente um salário mínimo de aposentadoria a partir de 2050.

Para ler mais:

http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/uma-reforma-previdenciaria-perdularia-em-um-sistema-falido-2d673h2odmzdragcv52um23je  Acesso em: 26 de junho de 2015.

http://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-regra-deve-baixar-valor-da-aposentadoria-no-futuro-961o9s6g5w7m3wnx8p69ywine Acesso em: 26 de junho de 2015.