Obesidade e Insustentabilidade

Paul J. Kenny, em artigo intitulado "Compulsão e Obesidade", procura demonstrar as causas multifatoriais da obesidade. Em termos de sustentabilidade, o obesidade significa a ingestão excessiva de calorias, capaz de gerar o acúmulo excessivo de tecido adiposo, para além das necessidades fisiológicas saudáveis, com repercussões ambientais dessa atitude, no consumo de alimentos em excesso. O padrão básico de avaliação da obesidade é o IMC (Índice de Massa Corporal).


A partir do IMC é possível se determinar a sustentabilidade do peso individual, situado na faixa em que peso e altura encontram-se dinamicamente em equilíbrio, pelas estatísticas de saúde pública, há menor ocorrência de comorbidades ou doenças comparadas à faixa do sobrepeso.

Daí que pode ser um critério objetivo de sustentabilidade individual avaliar qual o IMC do indivíduo. Assim, pontua-se com +1, enquanto avaliação positiva, por estar na faixa ideal de referência do IMC e com -1, por estar com sobrepeso e -2, com obesidade e -3 com obesidade mórbida.

A obesidade é comportamental, no ponto em que compete à pessoa suas escolhas por alimentos mais saudáveis e combater o sedentarismo por meio de exercícios físicos. 

A obesidade é sintoma, no ponto em que decorre de um desajuste orgânico, por hipotiroidismo, hipogonadismo ou outro distúrbio metabólico e daí, a necessidade de intervenção médica e medicamentosa.

A obesidade é ambiental e cultural, na medida em que os alimentos usualmente disponíveis numa determinada comunidade pode ser hipercalóricos ou gordurosos, da maneira em que predispõe sua população à obesidade.

Em termos gerais, o mundo pós-moderno oferece alimentos industrializados, pobres em nutrientes, mas ricos em carboidrados simples e gorduras saturadas, além de excesso de sódio e produtos químicos. Tais alimentos provocam a obesidade, pelo excesso de calorias disponibilizado ao organismo.

Por outro lado, tais alimentos calóricos e gordurosos, conforme verificou Paul J. Kenny em sua pesquisa, provocam alterações no mecanismo fisiológico de saciedade, como se fossem drogas, levando o indivíduo a querer ingerir mais e mais quantidades. Seria uma sensação comparada aos dependentes de drogas.

Isso pode ser afirmado, porque os obesos apresentam níveis baixos de um tipo de neurorreceptor que responde à dopamina (DRD2), assim como ocorre em adictos a alcool, opiáceos, cocaína e metanfetaminas.

"Pessoas com reduzida quantidade de DRD2 também tendem a ter dificuldade em aprender a evitar ações prazerosas com consequências negativas: sistemas cerebrais envolvidos em comportamentos de risco, mas gratificantes, como o consumo de alimentos de alto teor calórico ou uso de drogas, podem não funcionar de modo tão eficaz." (2004, p. 40).

Ao final do artigo, o autor ressalta que a obesidade deve ser pensada a partir do modelo alimentar da sociedade ocidental atual, para se poder pensar em novas estratégias de enfrentamento do problema.

Do ponto de vista da sustentabilidade, o impacto de estar obeso deve ser levado em consideração, especialmente quando os esforços devem ser individuais e coletivos em prol da mitigações dos impactos humanos sobre o planeta.

Para ler mais:

KENNY,  Paul.  J.  Compulsão e obesidade.  In: Revista Mente e Cérebro.  n.º 257.  Ano. XX.  São Paulo:  Duetto Editorial:  p. 36-41.